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Brasil e China: As expectativas do comércio bilateral com a abertura das fronteiras chinesas.

Atualizado: 1 de jun. de 2023









Uma notícia recente apontou que a economia da China deve elevar o PIB do Brasil em até 0,5% em 2023, algo muito positivo, mas que não me surpreende. O governo atual planeja uma visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país asiático prevista para o final de março visando fortalecer parcerias e os laços comerciais.

A corrente comercial entre os países bateu novo recorde em 2022, alcançou a marca de US$ 150,1 bilhões, apenas em janeiro de 2023 a corrente de comércio entre o Brasil e a China atingiu a marca de US$ 9,7 bilhões, um aumento de 2,2% comparado ao mesmo período do ano passado de acordo com dados do governo, o que mostra que o ano começou bem no que tange a relação comercial sino-brasileira.

Sem dúvidas uma visita com o objetivo de buscar maior aproximação é importante. Porém, se o curso das coisas seguirem pelo menos perto do esperado, o aumento de oportunidades fluirá de maneira natural. Quando menciono “perto do esperado” é no sentido de não haver nenhuma situação atípica, por exemplo, nesta semana tivemos a informação da suspensão das exportações de carne bovina para a China devido confirmação de caso de febre aftosa no Pará, é um ponto de alerta, porém que será avaliado com cautela, pois de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento (MAPA), o que está sendo feito até o momento são medidas de cumprimento do protocolo sanitário assinado com a China em 2015.

Voltando ao tema do comércio, já era esperado que com sua abertura a China voltaria a criar ações de promoção comercial mundo afora, algo que o país já fazia, porém com as restrições os chineses vinham promovendo seu mercado de forma online, esse formato atendia as suas necessidades com certa limitação, pois não tinha a mesma eficácia dos projetos que visam a promoção de seus produtos e serviços de maneira presencial.

Um exemplo simples e prático da importância da negociação “face a face” é o próprio retorno da edição presencial da Canton Fair (a maior e mais tradicional feira multissetorial da China). Com a recente abertura das fronteiras do país está havendo uma procura muito grande dos empresários brasileiros por viagens e obtenção de vistos para visitarem a feira, em especial os que já fazem negócios com o mercado chinês, pois existe essa necessidade de participar do evento in loco, e assim poder conversar “olho no olho”, o que traz muito mais confiança e segurança, além de poder ver e tocar a grande variedade de produtos que a China oferece.

Apenas por curiosidade, em sua última edição regular, finalizada em novembro de 2019, a Canton Fair atraiu cerca de 186 mil visitantes de 214 países, sem dúvidas, esse número reflete em parte o impacto negativo que o COVID-19 trouxe para a economia chinesa, não só prejudicando o desenvolvimento de novos negócios, mas afetando toda a cadeia de turismo de negócios.

Reforço que a viagem do presidente Lula será muito importante para o fortalecimento dos laços entre os países, inclusive em termos de comércio, o qual é foco desta reflexão, acredito ser válido mencionar que no dia 15 de fevereiro o vice-presidente Geraldo Alckmin presidiu a reunião da Comissão Sino-brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), e logo após destacou que a China é o principal parceiro comercial do Brasil com uma corrente de comércio na casa dos US$ 150 bilhões, como resultado dessa parceria o país obteve um superávit na balança comercial de US$ 28,6 bilhões de dólares em 2022, além dos US$ 70 bilhões de investimentos da China no Brasil.

O vice-presidente afirma que a viagem será importante para restabelecer o bom diálogo, fortalecer o comércio, gerar um aumento tanto nas exportações como nas importações, além de atrair mais investimentos nos setores de infraestrutura, agronegócio, ciência e tecnologia, entre outros campos que gerem possibilidades de boas parcerias entre a China que é um líder na Ásia e o Brasil que é um líder na América Latina.

Pela declaração do vice-presidente Alckmin, sem dúvidas, o encontro será importante em termos de comércio bilateral, mas existem outros pontos que podem ser explorados com maior atenção como temas ambientais, intercâmbio tecnológico, inovação, segurança etc. Pois vale lembrar que no campo comercial Brasil e China são mercados complementares, não é de hoje que as coisas vão bem, mas é claro que podem melhorar, um dos focos seria negociar a diminuição das barreiras comerciais existentes.

Sempre comento que cabe ao Brasil organizar a “casa”, ou seja, melhorar o ambiente do comércio internacional buscando desburocratizar cada vez mais os processos e trabalhar em reformas tributárias visando simplificar os impostos. Por exemplo, a criação do Portal Único do Comércio Exterior já foi um grande passo no sentido de melhorar o ambiente do comércio, tornando parte do processo mais simples e ágil.

E para finalizar, um outro ponto fundamental quando avaliamos o comércio sino-brasileiro é que o Brasil precisa trabalhar em prol da diversificação da pauta de exportações, afinal o país tem muito a oferecer, enquanto o mercado consumidor chinês é extremamente grande e desejoso por novos produtos.

Fonte: https://www.comexdobrasil.com/brasil-e-china-as-expectativas-do-comercio-bilateral-com-a-abertura-das-fronteiras-chinesas
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